Histeroscopia

A histeroscopia é um procedimento endoscópico que foi desenvolvido para que pudéssemos ter acesso a cavidade uterina. O termo tem raízes gregas e significa exame do útero, derivando dos termos hystera (matriz, útero) e skopein (olhar, observar, examinar). Hoje em dia, graças ao desenvolvimento do método, pode ser considerado o padrão ouro para avaliação da cavidade uterina, oferecendo os elementos necessários para a tomada de decisão terapêutica. A técnica trouxe luz ao entendimento das alterações funcionais e morfológicas do útero. Mais que isto, permite o tratamento de patologias endometriais ou mesmo submucosas como pólipos, miomas, sinéquias, septos uterinos, abordagem de corpos estranhos no interior da cavidade uterina e alterações do desenvolvimento e formação da placenta, dentre outras.

Histeroscopia com ressectoscópio

A técnica é considerada minimamente invasiva sendo associada a diminuição dos riscos, danos teciduais e tempo de afastamento das atividades cotidianas das mulheres submetidas ao procedimento. Foi desenvolvida para ser realizada em ambiente ambulatorial, sem a necessidade de internação hospitalar, o que, muitas vezes é possível, desde que exista uma estrutura de suporte adequada para garantir a segurança do paciente. Mesmo procedimentos histerscópicos maiores têm período de internação curto, sendo realizados, na grande maioria das vezes, em regime de “ hospital dia” (internação e alta realizados dentro de um período de 12 horas).
A despeito de todas as características acima, a histeroscopia não deve ser considerada simples ou ser banalizada. É procedimento sofisticado que exige treinamento adequado e domínio espacial da cavidade uterina, bem como das técnicas historoscópicas cirúrgicas, o que exige um profissional especialista e material específicos, limitando o acesso ao método.

As principais indicações para a realização de uma histeroscopia são o sangramento uterino anormal, a dor pélvica e a infertilidade. Estas queixas figuram entre as mais comuns no atendimento às mulheres e as possibilidades diagnósticas para estes sintomas são muito variáveis. Exames como a ultrassonografia e a ressonância magnética, por terem um caráter menos invasivo, são habitualmente utilizados inicialmente para o diagnóstico dos sintomas citados acima e a histeroscopia é deixada para uma segunda linha de investigação, quando os achados iniciais são inconclusivos, ou como instrumento terapêutico, quando já se define o diagnóstico. 

  As patologias mais comumente abordadas pela histeroscopia são os pólipos endometriais, miomas submucosos e as sinéquias uterinas. A capacidade de visualização direta das lesões e a identificação precisa de suas topográficas obtidas pelo método, permite que se faça a ressecção e remoção das lesões de forma precisa com obtenção de material biológico para uma análise anatomopatológica. Esta análise é essencial para a definição de uma possível associação das lesões com malignidade, o que, por sua vez, levaria a tratamentos complementares específicos para cada caso. 

Desta forma, a histeroscopia é instrumento de fundamental importância dentro do arsenal diagnóstico e terapêutico da ginecologia moderna. Ela permite a abordagem de um grande número de patologias associadas às principais queixas da mulher e tem um alto índice de satisfação relatado pelas pacientes tratadas por esta técnica.