O que são pólipos endometriais?

Os pólipos endometriais são decorrentes de um crescimento localizado da mucosa uterina (endométrio), consistindo em glândulas, estroma e vasos sanguíneos. Podem ser únicos ou múltiplos, variando de pequenos milímetros a centímetros, ou podem ser ainda sésseis ou pediculados.

Os pólipos uterinos estão entre as principais desordens ginecológicas, mas sua incidência é desconhecida, uma vez que muitos são assintomáticos. No entanto, alguns autores relatam prevalência de 7,8% a 34,9%, de acordo com a população estudada e o método utilizado para o diagnóstico. A prevalência parece aumentar com a idade, sendo a frequência marcadamente elevada no período do climatério.

Grande número de pólipos é assintomático. Quando sintomático apresenta como sintomas principais o sangramento uterino anormal e a infertilidade. Outro sintoma associado à presença de pólipos, porém com apresentação bem menos frequente, está a dor relacionada com as contrações uterinas. As alterações da contratilidade uterina podem empurrar a lesão progressivamente para a cérvice e causar sua expulsão. Ainda, pólipos grandes podem necrosar e resultar em descarga vaginal serossanguinolenta com odor forte associado a secreção. 

A associação de pólipos endometriais com o câncer de endométrio não apresenta um padrão definido. A frequência de malignidade em caso de pólipo é controversa, sendo relatada em 0 a 12,9% dos pólipos endometriais.

O diagnóstico inicial costuma ser realizado por meio de ultrassonografia transvaginal (USTV), apesar de o padrão ouro ser a histeroscopia. A avaliação histeroscópica permite uma visualização direta da cavidade uterina e permite uma avaliação singular da topografia da lesão e um adequado diagnóstico diferencial com outras patologias uterinas, como miomas e sinequias. Ainda, permite a ressecção da lesão, o que pode ser feito no mesmo momento do diagnóstico. 

Na abordagem terapêutica os pólipos sintomáticos na pré ou pós-menopausa devem ser ressecados para melhora clínica da paciente e submetidos à análise histopatológica para exclusão de malignidade, pois, às vezes, podem aparecer macroscopicamente como benignos, mas conter áreas de atipia celular ou até mesmo de câncer. Cerca de 25% dos pólipos regridem de maneira espontânea após 1 ano de seguimento, mais frequentemente quando menores que 1cm e/ou nas mulheres na pré-menopausa. Desta forma, é possível a condução expectante das lesões com acompanhamento clínico das pacientes. No entanto, deve-se ressaltar que o acompanhamento também tem custos, incluindo emocionais, além de exigir um acesso adequado e pronto aos serviços de saúde. A decisão sobre o tratamento deve sempre ser realizada de forma compartilhada entre médico e paciente.

Os pólipos endometriais são atualmente a principal indicação de histeroscopia, a qual é o método padrão ouro para ressecção dos pólipos e avaliação da cavidade endometrial, possibilitando a remoção completa da lesão e biópsia de áreas suspeitas adjacentes. O procedimento é seguro e eficaz, tem mínimo impacto na paciente. Mesmo quando realizado em ambiente hospitalar, tem internação curta, menores que 12hs, e pronto retorno às atividades cotidianas. Em minha rotina a opção por esta técnica é praticamente unânime , está associada a baixíssimo índice de complicações e tem enorme índice de satisfação junto aos pacientes.

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